domingo, 16 de janeiro de 2011

Lábios Leporinos - Minha Breve História 2


              
            Quando criança eu imaginava que construía o meu mundo, e que era realmente um faz de contas. Mas quando cresci, mais um pouco, percebi que eu não era o gigante e que muito menos construía ou destruía algo. Percebi que tudo era real e nada era como imaginava. Ai então despertei para a Vida de carne, osso e alma. 

            Quando adquiri a legitima razão de entender e viver,  percebi que a vida não  era uma história e que as brincadeiras não eram eternas e que as pessoas passavam em nossas vidas, como um sopro do vento eterno, suave e único.

            Percebia que necessitava perguntar  sobre os Por quês  da Vida. Por que dormimos? Tio por que o tempo não para? Primo como que nasceu a terra? Mãe como nascemos? O pai por que você faz isso?  Como que eles conseguem fazer isso ?  Essas frágeis perguntas foi o princípio da minha base intelectual, e com certeza a de muitos.

            Os anos se passaram aprendi a viver com as diferenças e com os porquês. Mas Que diferença foi essa que deparei? 

            A diferença em ser um portador de lábios leporinos e a de ser uma criança normal. Meus irmãos não entendiam o tal problema como eu mesmo não entendia, mas fomos vivendo, as outras crianças me caçoavam, e meus irmãos por instintos me protegiam  eu apenas silenciava. Observava que os adultos perguntavam sobre mim, e o que tinha acontecido comigo?  

            Sendo apenas uma criança com cuidados especiais, apenas brincava em meu silêncio, me comunicava com poucos e brincava apenas com poucos, sinceramente já tinha a mentalidade de criar um circulo e afastar os que possivelmente me ofenderiam pelo meu jeito de ser e de conviver. Aqui já aprendia a me defende pelos   meus problemas. Grato pelos meus guardas costas nada menos , meus irmãos, ou seja eu sou  Trigêmeos . 

            Interessante ser  trigêmeos por  que as pessoas , não acostumadas iriam dizer:  - Nossa que legal trigêmeos deve ser lindo conviver com eles, cuida de um cuida de todos, de uma vez.  E já vinha outra resposta às vezes em silêncio ou às vezes em publico: O que aconteceu com ele?

            -  Ele nasceu com lábios leporinos! respondia  quem me conhecia.
            -Isso é contagioso? Falava o desconhecido.
            - Claro que não e se reparar muitos seus filhos podem nascer com a mesma fissura como a dele, já respondia o que me conhecia.
            Seria um blá blá blá de sempre  até todos entenderem que  lábios leporinos não era contagioso e que tinha tratamento;

             Momentos de escola, desconhecido, problemático, silencioso, feio, educado e inteligente? Era o que os outros alunos pensavam. Esse seria o meu dia a dia na escola e em qualquer lugar onde fosse. 

            O crucial era quando a sala toda se revoltava contra mim, e me caçoavam. Meu coração apenas chorava por dentro, e por fora, o olhar disparado a procura de um socorro, logo vinha um socorro, alias, de professores que acabavam silenciando a sala e dando uma lição de moral, e ai sim todos me respeitavam mas por alguns dias.

            Sinceramente com essas pressões diárias , tive logo que me educar e criar uma parede  imaginária para que nada pudesse me prejudicar. Essa minha educação foi estabelecida pela Fé em Deus e pelos ombros da minha família e de alguns amigos. 

            Sobrevivi à escola e, aliás, aprendi a Viver de Verdade, e a dar valor na Vida.  

            Agora  na minha mocidade outros problemas que nesse caso não falarei, apenas citarei algumas do belíssimo tempo que apreciei. 

            Foi na Faculdade no primeiro seminário, onde minhas palavras não soaram de jeito algum, fiquei em silêncio, pois o medo me dominou e qualquer palavra dita sairia incompreensível. Salvo por um amigo que me ajudou a terminar minhas possíveis falas. E aqui aprendi a enfrentar tudo que fosse de minha altura, e a enfrentar meu medo.

            Com o medo que me fez subir acabei sendo um aluno prestigiado nas oras de seminário, por que acabei usando todo tipo de comunicação, ou seja, olhava nos olhos dos espectadores, brincava com os mesmos e andava por tudo, explicando isso e aquilo. Ou seja, acabei adquirindo um dom de me expressar em publico, onde os alunos gostavam de me ver apresentando trabalhos.
 
            Com essas lutas diárias de saber o porquê tenho isso ou aquilo, aprendi a me amar e a dar valor nas mínimas coisas da Vida, e a proteger os necessitados e ajudar os mesmos. E ter Fé em Deus e em Mim Mesmo. 

            E acreditar na Vida, e ter certeza que as dificuldades são para ajudar a crescer.
          E mais uma vez agradeço a minha Família aos meus amigos e as pessoas desconhecidas que em breves momentos me auxiliaram, e ao Centrinho de Bauru.
            Sejam Felizes com o Tempo e com a Vida.
 

Rodrigo.Ap.B.B
Poeta da Liberdade
Somos o Que Somos
No palco da Vida;

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéens querido amigo pelo post!

Nós somos especiais por sermos diferentes ^^

Ja sofri mto, como ja te contei, mas dps me aceitei bem.

Linda sua historia querido!!
beeijao

FILOSOFIA E TECNOLOGIA disse...

O ser humano em sua inferioridade, discrimina os diferentes, e contra isso há uma defesa. A defesa é rir de si mesmo. Quando alguém ofende ou ri de nós, a melhor defesa é concordar e cair na gargalhada também, porque ai a ofensa soa falso e rapidamente os ofensores acabam por tornar-se nossos amigos e a gostar de nós. A grande saida é ser in-ofendivel. Quem conseguir isso, terá dado um grande passo, mas é difícil. Um dos que conseguiu foi GHANDI. ABRAÇO AO POETA